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Mostrando postagens de maio, 2023

Paixão e prazer

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RUY ESPINHEIRA FILHO     Numa carta a Anita Malfatti, em resposta à correspondência em que a pintora definira o artista como um “transmissor de beleza” e dizia desejar ter um Debret e um Rugendas em casa para estar sentindo vontade de “fazer um quadro com sabor daquela gente”, Mário de Andrade escreveu que o artista “não é ´transmissor´ de beleza, é criador”, acrescentando que a arte, “que não é só beleza, por mais pensada, é feita com carne, sangue, espírito e tumulto de amor”. Transcrevi estas palavras de Mário na abertura do primeiro texto do meu ensaio de doutorado em Letras e delas tirei o título do livro:  Tumulto de amor e outros tumultos – criação e arte em Mário de Andrade , publicado pela Record em 2001. Palavras que, creio, são das mais expressivas escritas sobre a arte, porque sem carne, sangue, espírito e tumulto de amor não se faz arte alguma. Carne, sangue, espírito e tumulto de amor que encontramos neste  Fotografia de um minério , de Luciano Lanzillotti. Be

Fotografia de um minério, por Mário Baggio

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      Depois do ótimo “Geometria do Acaso”, de 2021, o poeta Luciano Lanzillotti apresenta este “Fotografia de um minério” e confirma sua preocupação com o social e com a condição humana, temas já explorados na obra anterior. O comezinho da vida em sociedade e a relação entre os seres continuam sob a lupa do escritor que, com textos curtos e cortantes, expõe com grande sensibilidade as mazelas do nosso tempo. O eu-lírico que salta das páginas dessa nova obra não devaneia, não se perde em fluxos de consciência. Há vida real, a dura vida real nos versos ora escritos, e é essa concretude, semelhante à dos minérios, que confere brilho à poesia de Lanzillotti.   Dividida em 4 partes (Jásper, Opala, Quartzo e Turmalina), a obra vai, em curva ascendente, revelando ao leitor que as verdadeiras relações humanas ganham relevância quando forjadas com ferro em brasa. Para Lanzillotti, importa o dia a dia vivido nas cidades, nas vizinhanças, nos pequenos acontecimentos da esquina de nos

A ganga poesia de Luciano Lanzillotti, em “Fotografia De Um Minério"

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                                                      Rose Calza* Primeiramente, vamos falar de escolhas e assim foi este o instigante nome dado ao livro de Luciano Lanzillotti - “Fotografia De Um Minério”. Senão, vejamos: uma das definições de “minério” é ser rocha, sedimento ou solo. Se, segundo o poeta, são muitas camadas que compõem um corpo” (em Tecido Mole, p. 25), por analogia, o livro se organiza em depósitos de concentrados, ou seja, poemas/ jásper, p. 19, opala, p. 47, quartzo, p.75 e turmalina, p.101. E eis que não pela bateia, porém, por instantâneos fotográficos é que o texto se revela enquanto ganga: a parte não metálica que forma massa principal do minério. Na primeira recolha, jásper se estende em: esfinges, moradas, estilhaços, tal minério, separados de outros sedimentos. Por ser este um livro o que contém a cifra e a alma que pode conter a decifração, (apud Fernando Pessoa) , rapidamente, num semiótico abre alas, compreendemos a que o poeta se propõe: “procuro respost